“Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Pe. R.-TH. Calmel, O.P.
“O conteúdo das publicações são de inteira responsabilidade de seus autores indicados nas matérias ou nas citações das referidas fontes de origem, não significando, pelo administrador do blog, a inteira adesão das ideias expressas.”

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

A Catedral submersa

“Nos dias de tempestade, dizem os pescadores, vê-se, no oco das ondas, as pontas das flechas de suas igrejas (da cidade de Ys); nos dias de calmaria, escuta-se subindo do abismo das águas o som dos sinos”

Entre a lenda e a história real há sempre uma zona nebulosa de incerteza. Uma cidade submersa não causa nenhum espanto, mas quando uma cidade submerge levando uma catedral com fabulosos sinos que, com o balançar das ondas, os fazem tocar provocando calafrios aos ouvintes.

A misteriosa Bretanha é uma das mais interessantes regiões da França, localizada a noroeste, é uma península montanhosa que se estende no sentido do Oceano Atlântico, invadindo as águas frias como que buscando levar todo o continente a aventurar nas águas azuis do gelado mar.

Ocupada por gauleses, romanos, celtas, normandos, a Bretanha constituiu-se em reino até o século X. Cheia de mistérios, envolta em lendas, com Santos, uma riqueza de tradições e costumes que a fazem uma região especial, cheia de mitos.

É o caso do rei Artur e seus cavaleiros reunidos em volta da mesa redonda, onde não cabia a autoridade e todos eram singulares. O Santo Graal o qual teria sido o cálice usado por Nosso Senhor na Santa Ceia e ainda José de Arimatéia, membro do Sinédrio e discípulo oculto do Divino Mestre, que teria levado da Terra Santa a Bretanha esse cálice, contendo algumas gotas do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Na Bretanha há a lenda da cidade de Ys, sepultada no fundo do mar na baía de Douarnenez, a “baía dos mortos”. Construída sobre uma planície protegida por diques contra inundações, Ys teria sido a capital da Cornualha sob o rei Gradlon, o Grande, no século VI. Para proteger a cidade foram construídas enormes comportas que serviam para evacuar as águas que vinham dos rios e proteger a cidade das marés altas, as chaves das portas eram guardadas com o rei e somente ele poderia abrir.

Gradlon seria O filho mais velho de Conan Meriadoc, e por sua segunda esposa, Santa Darerca da Irlanda, que seria a irmã de São Patrício, que teve 17 filhos. Na juventude, quando era um pagão, Gradlon teria se se apaixonado profundamente por uma mulher de grande beleza, que seria uma fada e ao convertesse ao cristianismo, o rei afastou da fada que com grande ira prometeu vingança contra ele.

O rei casou-se e a fada nada mais era que uma má lembrança, teve uma filha chamada Dahud ou Ahés. A princesa, em toda a cidade, era conhecida por seus costumes dissolutos, irresponsável e provocante, despertava a malícia em vários pretendentes da corte.

Certo dia a fada retornou para cumprir a sua vingança, levando consigo um demônio na figura de um formoso jovem que foi introduzido no palácio, seduziu a filha do rei, a quem o príncipe das trevas pediu como prova de amor que ela abrisse as comportas que protegiam a cidade.

Dahud roubou as chaves do pai quando este dormia e fez a vontade diabólica, com maré alta abriu as eclusas, as águas invadiram logo as ruas e as casas da cidade, apanhando de surpresa os seus habitantes, muitos dormiam.

O rei foi despertado pelo monge Gwenolé, alguns instantes antes da tragédia, o rei saltou sobre o seu cavalo levando a filha junto na garupa do animal.

O cavalo do rei corria, mas a cada instante mais distante ficava do cavalo do monge e mais rapidamente as águas aproximava.

Gwenolé, o monge, que advertia a muito a princesa e alertava o rei sobre o comportamento de sua filha, gritou ao rei que se quisesse salvar-se, deveria deixar sua filha a sorte, Gradlon recusou, águas se aproximava, o seu cavalo já corria com os cascos cobertos, então o monge ordenou ao monarca uma última vez e este obedeceu, soltou sua filha e seu cavalo conseguiu fugir das águas que cobriu toda a cidade de Ys, até seus mais altos prédios, e as torres da catedral foram as últimas a desaparecer.

Diz-se que, no litoral bretão, onde jaz encoberta a cidade de Ys, que a cidade foi afundada para punir os pecados de seu povo, representado pela filha do rei. Em certos dias de tempo claro e água transparente, a catedral se eleva do mar por alguns instantes, tempo suficiente para ouvir os sinos tocando, os padres cantando e o som do órgão. Logo a catedral volta para o fundo do mar, aguardando o dia em que voltará triunfante para a superfície. 

Com a história de Ys, podemos fazer uma analogia com a Igreja na atualidade, atacada por seus inimigos ao longo de séculos e finalmente eclipsada após o Concílio do Vaticano II, porém ela ergue-se em períodos, com aqueles que defendem a Verdadeira Igreja, como Dom Marcel Lefebvre, Dom Castro Mayer entre outros, até que finalmente ressurgirá e tomará definitivamente seu lugar.

Roosevelt Maria de Castro