“Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Pe. R.-TH. Calmel, O.P.
“O conteúdo das publicações são de inteira responsabilidade de seus autores indicados nas matérias ou nas citações das referidas fontes de origem, não significando, pelo administrador do blog, a inteira adesão das ideias expressas.”

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Setuagésima, Quarta-feira de Cinzas e Quaresma

"Humilhemos, façamos penitência e imploramos a misericórdia de Deus pelas nossas faltas, enquanto temos tempo. A cinza é símbolo de penitência pelos pecados que trouxeram a morte para este mundo e devemos recebê-la com o coração contrito e humilhado com o fim de passar a Quaresma em obras de penitência".


Setuagésima, Quarta-feira de Cinzas e Quaresma


Segundo o Catecismo Maior de São Pio X, Quaresma é um tempo de jejum e penitência, instituído pela Igreja por tradição apostólica, instituída, primeiro, para nos fazer conhecer a obrigação que temos de fazer penitência em todo tempo da nossa vida, da qual segundo os Santos Padres, a Quaresma é a figura; segundo, para imitar de algum modo o rigoroso jejum de quarenta dias que Nosso Senhor fez no deserto e terceiro, para nos preparar por meio da penitência a celebração da festa da Páscoa.

A preparação para a Páscoa de Nosso Senhor não é iniciada na Quaresma, ela tem seu começo três semanas antes na Setuagésima, que antecede a Quaresma tempo de maior proximidade com a Páscoa e de penitência propriamente dita. Enquanto a Setuagésima é a preparação remota para a Páscoa, a Quaresma é a preparação próxima e o tempo da Paixão, dentro da qual está a semana Santa, é a preparação imediata.

Na Setuagésima nos é apresentado a queda de nossos primeiros pais, e o seu justo castigo. Na sexagésima, semana seguinte, o dilúvio, mandado por Deus em castigo dos pecadores e na última semana, Quinquagésima, o chamado de Abraão e a recompensa por sua obediência e a sua fé.

Durante esse Tempo, principalmente na última parte, que é mais evidente tantas desordens, sobretudo em muitos cristãos por maldade do demônio, que desejando contrariar os desígnios da Igreja, concentra seus esforços em levá-los a viver os ditames do mundo e da carne, o carnaval principalmente. D. Beda Keckeisen, O.S.B comenta que é o começo de uma luta maior contra o pecado, contra o mundo e contra a carne, é o combate para a vitória, pela Cruz, para a luz. Pela morte, para a vida. Pelo sepulcro, para a Ressurreição com o Cristo! Na Quaresma, em seus quarenta dias, unimos intimamente aos sofrimentos e à morte de Nosso Senhor, para podermos ressuscitar com Ele para uma vida nova, nas solenidades pascais.

Continua D. Beda com sua explicação, “as práticas exteriores que devem desenvolver em nós o espírito do Cristo e unir-nos a seus sofrimentos, são jejum, a oração e a esmola.

O Jejum é importo pela santa Igreja a todos os fiéis, depois de 21 anos completos até atingirem os 60 anos. Seria, continua o sacerdote, um engano pernicioso não reconhecer a utilidade desta mortificação corporal. Seria menosprezar o exemplo do próprio Cristo e pecar gravemente contra a autoridade de sua Igreja. Aqueles que por motivos justos são dele dispensados não o estarão de jejum espiritual, isto é, de se privarem de festas, teatros (incluímos a televisão), leituras (incluímos a internet) puramente recreativas etc.

Sobre a oração, D. Beda diz que, assim como a palavra jejum abrange todas as mortificações corporais, da mesma maneira a palavra oração todos os exercícios de piedade feito neste tempo, com um recolhimento particular, como sejam: a assistência à santa Missa, a Comunhão frequente, a leitura de bons livros, a meditação especialmente da Paixão, a Via Sacra e a assistência às pregações quaresmais.

E finalizando, a esmola compreende, completa D. Beda, as obras de misericórdia para com o próximo”.

Para passar bem a Quaresma, segundo o espírito da Igreja, o Catecismo Maior de São Pio X diz: devemos fazer quatro coisas: Observar exatamente o jejum e mortificar-nos não só nas coisas ilícitas e perigosas, mais ainda quando pudermos, nas coisas lícitas, como seria moderar-nos nas recreações; fazer o rações, esmolas e outras obras de caridade cristã para com o próximo; ouvir as palavras de Deus, não por mero costume ou curiosidade, mas com o desejo de pôr em prática as verdades que ouvirmos; e finalmente, ter grande cuidado em nos prepararmos para a confissão, para tornar mais meritório o jejum, e para nos dispormos melhor para a Comunhão pascal.

A Quaresma inicia na Quarta-feira de Cinzas, dia em que a Igreja impõe as cinzas nas cabeças dos fiéis a fim de lembrar-nos de que somos feitos de pó e de que após a morte nos havemos de reduzir a pó.

Humilhemos, façamos penitência e imploramos a misericórdia de Deus pelas nossas faltas, enquanto temos tempo. A cinza é símbolo de penitência pelos pecados que trouxeram a morte para este mundo e devemos recebê-la com o coração contrito e humilhado com o fim de passar a Quaresma em obras de penitência.

Que Nossa Senhora das Dores, nos auxilie nesta Quaresma a realizar as penitências em prol da Igreja, não nos deixando fraquejar e esmorecer em nossas obras. 

Roosevelt Maria de Castro